19 agosto, 2011

Lugar reservado, se colocar no lugar dos outros e no seu.

Já se colocou no lugar dessas pessoas? E se fosse você a necessitar deste assento, como se sentiria?
Antes de engravidar, tinha por hábito nunca me sentar nestes lugares reservados, mesmo sem ninguém neles. Primeiro, para me livrar do constrangimento de ter de levantar e a pessoa não querer sentar no lugar oferecido, fica aquele: "Senta!", "Não, não precisa!". Um horror. Em segundo, para não me deparar com os velhinhos estressados da cidade, já vi gente tomando bolsada, fora o escandâlo! Além de história de velhinha sacudindo deficiente visual por não estar de óculos escuro (isso foi um fato real).

Mas, engravidei! E tudo começou a ter outro sentido. Nos três primeiros meses você fica meio 'gordinha', a pessoa olha e fica em dúvida, eu também ficava. Já aconteceu d'eu ficar em pé, só eu, todos sentados, num sol terrível, as pernas doendo, eu cansada, em pé, e, com vergonha de pedir o meu assento reservado, ocupado por distintas figuras dormindo!!! Qual delas eu tiraria do lugar e como, por sorteio?

Foi nesta fase que comecei a 'viajar na maionese' com esta história: como é a gente se colocar no lugar do outro (quem precisa do assento reservado) e como é a gente estar no lugar do outro (também precisando do assento)? Sinceramente, me sentia mal, por que eu não podia sentar em qualquer lugar só por eu estar grávida? Não estava doente, nem nada! Sempre fico procurando alguém mais necessitado para colocar no lugar. Mas, aí tem os dias que você está com dor, as pernas inchadas, se arrastando, aí você entende para que serve o lugar reservado!

Continuei pensando: acabamos com o respeito ao mais velho, ao que merece tratamento preferencial quando abolimos o uso do "Senhor", "Senhora". Tenho quase certeza disso. Os mais novos perderam a noção total de ... (nem acho palavra adequada) respeito? Não. De: preferência? Não. De... ah, de quem precisa de auxílio primeiro. Por isso, hoje temos de reservar lugares, que nem assim são respeitados.
Ah, mas, todos dizemos que uma palavra não é suficiente para impor respeito e outras histórias, mas a falta de uma palava faz perder a referência, sim. Qual é a minha referência para o 'cara' que eu chamo de 'véi', 'chará', 'camarada', 'truta', ah, qualquer coisa estranha que quer dizer: 'somos todos iguais e eu venho primeiro em qualquer circunstância'? Sem esta referência em casa, de que existem pessoas que precisam ter a preferência, na rua, no ônibus vai ser igual. E aí nem adianta reclamar se as crianças e os jovens estão mal educados, porque estão mesmo, e quem é o adulto responsável por isso? Aquela mesma criancinha linda que não deixa ninguém assistir a tv se não for no desenho preferido dela que está sendo visto pela milhonésima vez, também vai tomar o lugar de outro em qualquer outra circunstância, ué, normal, esta foi a norma na qual ela foi educada! E como adolescente, e depois adulto, ela vai fazer diferente por quê?

Mas, como disse, as crianças crescem, e até engravidam quando adultas, explico: fui na exposição do Escher, mesmo com a barriga já aparente enfrentei as duas horas de fila numa boa. Mas, para ver a exposição no subsolo tinha mais uma fila. Duas garotas inconformadas foram pedir para eu entrar, fiquei sem graça, mas, fui lá. A recepcionista da exposição virou para mim e disse: "Deixe-me ver a sua barriga. É que há poucos minutos uma moça veio pedir para furar a fila pois estava de 12 semanas". Mostrei, ela percebeu que eu estava mesmo grávida, mas fiquei pensando: como nos colocamos no lugar do outro, e, principalmente, como nos colocamos no nosso próprio lugar?!

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